V Encontro IPL Indústria mostra resultados de sucesso e crescente envolvimento das empresas
No próximo ano letivo serão 27 as empresas que patrocinam 38 bolsas de estudo IPL-Indústria a estudantes de nove cursos do Politécnico de Leiria, lecionados na Escola Superior de Tecnologia e Gestão, em Leiria, e na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, em Peniche. Os resultados positivos do protocolo firmado entre o Politécnico de Leiria, a Associação Empresarial da Região de Leiria (NERLEI) e a Associação Nacional de Indústria de Moldes (CEFAMOL) foram apresentados recentemente no V Encontro IPL-Indústria, numa sessão que juntou convidados e empresários da Região, para demonstrar o forte envolvimento das empresas na abertura de portas aos jovens estudantes.
Jorge Santos, presidente da NERLEI, salientou o papel fundamental do Politécnico de Leiria na qualificação dos quadros das empresas da região, bem como todo o trabalho das equipas que participam neste protocolo. «Temos vindo a integrar investigadores nas nossas empresas, aproveitando as estruturas das mesmas. Mas é preciso repensar a carreira do docente: deve ser atrativa e motivadora, de forma a gerar mais valor para o sistema de ensino e investigação e para as próprias empresas», afirmou.
O presidente da Cefamol, João Faustino, enalteceu uma parceria entre as três entidades, bem trabalhada e que tem dado os seus resultados. «Este é um apoio que a indústria pode dar aos estudantes, com mais desafios, e na luta pelo know how. Havendo conhecimento de um lado e do outro é possível partilhar experiências e ter resultados.» João Faustino evidenciou a mais-valia do pagamento de propinas aos jovens que entram no Politécnico de Leiria através das Bolsas IPL-Indústria.
Nuno Mangas, presidente do Politécnico de Leiria, relembrou como começou a parceria entre o IPLeiria com a NERLEI e a Cefamol: da necessidade de aproximar a Academia e a Indústria, e a importância de mostrar publicamente esses resultados. Nuno Mangas destacou os três eixos que sustentam o protocolo, iniciado em julho de 2013, que aposta na formação em contexto empresarial, em que os estudantes estão em contacto com as empresas; a disseminação do conhecimento, que permite a ligação dos docentes com os técnicos, gestores e engenheiros das empresas, o que potencia mais projetos de I&D e prestações de serviços na área da investigação; e a responsabilidade social, com a atribuição de bolsas de estudo.
«A forte ligação do Politécnico de Leiria com as empresas da região resulta em oportunidades únicas, onde existe uma formação de qualidade, com fortes perspetivas de crescimento, numa região que preza pela qualidade de vida, onde os estudantes vêm estudar e podem ficar a trabalhar.» Nuno Mangas afirmou que «esta parceria é um caminho que deve ser alimentado continuamente, e é importante que as empresas se mantenham envolvidas nesta parceria, nesta vontade de crescer, pois só assim é possível o sucesso que temos alcançado».
Os resultados do protocolo IPL-Indústria relativos a 2016/2017, apresentados por Neusa Magalhães, secretária-geral da NERLEI, mostram «o trabalho conjunto das empresas que se disponibilizam a acolher os estudantes e das equipas que representam as três entidades promotoras que dão corpo e seguimento a esta parceria». A parceria entre as três entidades resultou no último ano na realização de 31 visitas de estudo, e ao nível da formação em contexto empresarial destaca-se a concretização de 73 estágios extracurriculares de verão, 135 estágios curriculares de licenciaturas, 49 estágios curriculares de mestrado nas empresas e 28 trabalhos de investigação e de projeto de mestrado. Durante os quatro anos de cooperação foram organizados 83 seminários, workshops, aulas abertas e ações de formação para colaboradores de empresas e 21 prestações de serviço a empresas.
"Os desafios da Indústria 4.0" foi o tema da mesa redonda, moderada pela jornalista Ana Isabel Costa, da Antena 1, que juntou António Mira, da Siemens Portugal, Gilberto Landim, da Key Plastics Portugal, Jorge Portugal, da COTEC Portugal, Paulo Almeida, da Associação Empresarial de Portugal, e Paulo Pinto, da La Redoute Portugal e Espanha.
António Mira, diretor para a área da Indústria da Siemens Portugal - Responsável pelos temas digitalização, indústria 4.0 destacou o centro de competências na área de I&D que existe em Portugal, fornecedor de quadros qualificados, nomeadamente na área da cibersegurança, que importa requalificar para os novos desafios na automatização de processos. Já Paulo Almeida, presidente da Associação Empresarial de Portugal, salientou que esta "revolução" não se iniciou agora, pois muitos dos setores já incorporam estas tecnologias. «Temos uma atividade empresarial muito virada para os mercados externos, embora no ranking mundial não sejamos vistos como um país exportador.»
O diretor fabril da Key Plastics Portugal, Gilberto Landim, destacou a adoção de vários softwares de produção para a implementação de sistemas de melhoria, bem como o investimento na formação interna para a capacitação dos recursos humanos na aplicação da transformação digital dos processos produtivos.
A evolução e mudança do perfil do consumidor foi o destaque de Paulo Pinto, CEO da La Redoute Portugal e Espanha, que constatou que só 36% das empresas em Portugal estão digitalizadas. «Hoje em dia informação é poder, e o consumidor tem muito poder a uma velocidade estonteante, que temos de acompanhar.» Paulo Pinto evidenciou o investimento elevado que a sua empresa realiza na digitalização, com uma base tecnológica que permite seguir o consumidor em todos os seus passos digitais.
Jorge Portugal, da COTEC, enumerou os três desafios que as empresas enfrentam atualmente: a adoção tecnológica do negócio, a inevitável transformação do negócio, e a capacitação ao nível dos recursos humanos, em que é crucial a ligação à Academia. Jorge Portugal ainda referiu a existência de instrumentos financeiros através de programas de apoio público e apoio bancário.
O V Encontro IPL Indústria terminou com a intervenção de Filipe Silva da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que falou da "quarta revolução industrial" como uma oportunidade única na indústria portuguesa, onde o país pode ter uma posição dianteira. Através da ligação da Academia com a Indústria, podem ser criados ambientes práticos e inclusivos do conhecimento, com competências digitais, para um conhecimento ativo, que engloba também uma mudança de paradigmas sociais.