"Sou contrário a qualquer aumento de impostos em 2010. Também não devemos continuar com artifícios contabilísticos nem recorrer a receitas extraordinárias. Temos de adequar o nível de despesa pública total ao nível da riqueza produzida no País". Estas afirmações são de Eduardo Catroga, economista e ex-ministro das finanças, e foram proferidas durante o jantar-conferência promovido pela NERLEI - Associação Empresarial da Região de Leiria, no dia 16 de Dezembro, e que reuniu cerca de uma centena de empresários.
O economista afirma que "2010 ainda vai ser um ano complicado" mas acredita que já vai haver algum crescimento. E vaticina, "entre 2010 e 2013, se olharmos o futuro pelo espelho retrovisor, vamos crescer 1% ao ano. Mas isto pode-se mudar melhorando a qualidade das políticas públicas, aumentando a capacidade empreendedora e acelerando e aperfeiçoando as reformas a efectuar em áreas diversas.".
A curto-prazo o ex-ministro das finanças defende "o congelamento da despesa pública total" nos 82 mil milhões de euros (valor apresentado no Orçamento do Estado inicial para 2009). Considera Eduardo Catroga que daqui para a frente devíamos aprender a viver com este valor de despesa pública encontrando formas de, em simultâneo, promover o crescimento da economia.
Assegurando que "todos os anos consumimos mais 10% do que aquilo que produzimos", Eduardo Catroga diz que "temos de melhorar a nossa produtividade. Não necessariamente trabalhar mais, mas produzindo com mais Valor Acrescentado". Só assim poderemos aumentar a nossa competitividade externa e incrementar as nossas exportações, sem perder mercado interno. Só assim conseguiremos "resolver o problema do crescimento económico e torná-lo sustentado". Reconhecendo que existem "dificuldades das empresas e dos políticos em se adaptarem ao novo contexto concorrencial internacional" o economista insiste que é preciso "acreditar e trabalhar".
Defendendo que se devem "dar mais incentivos ao sector produtivo que ao não produtivo", Eduardo Catroga, considera que o sistema de incentivos financeiros (QREN - Quadro de Referência Estratégica Nacional) até está bem estruturado, mas no que se refere aos incentivos fiscais, considera que o sistema existente "não está adequado às necessidades actuais e tem de ser reestruturado para estimular mais o sector produtivo."
Em termos de perspectivas, Eduardo Catroga já vislumbra algumas "interessantes na economia real, nomeadamente em sectores como a agricultura (azeite e vinho), a floresta, o mar e mesmo em alguns dos sectores mais tradicionais.