“A globalização, a concorrência interna na União Europeia (UE) e a entrada de Portugal na UE, que diminuiu a margem de manobra que a economia tinha para responder às crises através dos mecanismos monetários, alteraram as realidades estruturais económicas. Para responder a estas mudanças, o Governo estabeleceu três grandes linhas de intervenção: equilibrar as contas públicas; fazer crescer a economia à custa do sector privado, aumentando as exportações e investimento empresarial; e dar resposta aos estrangulamentos da economia”. Para Vieira da Silva, Ministro do Trabalho e Solidariedade Social, um dos mais graves estrangulamentos da nossa economia é o “défice de recursos humanos”. Esta foi uma das principais ideias que destacou na intervenção efectuada no dia 13 de Março no jantar-conferência organizado pela NERLEI – Associação Empresarial da Região de Leiria.
Para Vieira da Silva a sociedade portuguesa tem várias fracturas ao nível da qualificação. Desde logo uma fractura geracional dado que uma parte da população foi “condenada a baixos níveis de escolaridade e a outra parte já tem acesso a essa qualificação”. Mas o governante salienta que, o mais grave é que neste grupo da população que já teve acesso à escolaridade, “uma grande parte dela abandonou o sistema escolar antes de atingir o nível desejado”. Salientando que há “falta de capital social escolar” Vieira da Silva reconheceu que a “qualificação é um dos grandes problemas que explicam a falta de capacidade de crescimento da nossa economia”.
Rigidez e incumprimento da legislação laboral
Impacto negativo no crescimento da nossa economia tem também, segundo o Ministro do Trabalho, a “elevada rigidez da nossa legislação laboral, factor limitativo da nossa capacidade de atracção de investimento estrangeiro”. No entanto, o Ministro admite que sendo “uma das leis mais rígidas é também das que tem maior taxa de incumprimento” devido às falsas relações de trabalho independente e à elevada taxa de contratos a termo. Nesta matéria Vieira da Silva refere que há que olhar para este problema com a “ambição de mudar e com o realismo na forma de o fazer para conduzir aos resultados desejáveis.”