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Augusto Mateus recomenda aumentos de produtividade e da poupança

Para sair desta crise é necessário encontrar um equilíbrio entre eficiência e equidade, e isso só se consegue se "promovermos o aumento da produtividade e estimularmos a poupança". Estas são as soluções apontadas por Augusto Mateus, economista, num jantar-conferência, promovido pela NERLEI - Associação Empresarial da Região de Leiria, no dia 19 de Novembro, que reuniu cerca de 160 empresários e dirigentes públicos.

O ex-ministro da Economia referiu que, neste momento, o "Governo devia estar a propor um Grande Plano de Poupança Nacional" e que é "necessário ter coragem de reformar o sector público, modernizando-o". Questionando, a título de exemplo, a razão pela qual a "nossa Constituição prevê que a Assembleia da República tenha entre 180 e 230 deputados e nós optamos precisamente pelos 230", o economista alertou, ainda, para o excessivo número de freguesias no país, algumas delas com poucas centenas de habitantes, outras com dezenas de milhar, tornando-se, quer umas, quer outras, ingovernáveis do ponto de vista de eficiência.

Procurando explicar o que tem de novo esta crise, Augusto Mateus referiu que "os problemas que temos hoje não são de falta de procura, mas de falta de competitividade, inteligência e eficiência. É necessário criar mais riqueza, e isto não se resolve com mais investimento do Estado. Temos uma crise de sobre-investimento, sobre-consumo e sobre-endividamento", afirma.

Augusto Mateus, que foi ministro da Economia do Governo de António Guterres, é da opinião que "já perdemos (o País) o controlo da nossa solução. Ela vai ser construída com os nossos credores e com as organizações internacionais responsáveis pelas políticas macroeconómicas".

Após ter explicado as características específicas desta crise e antes de apontar as soluções, Augusto Mateus teve ainda tempo para explicar quais os factores que, na sua opinião, estiveram na base desta crise: a opção pelo presente; a preferência pelo doméstico; e a exigência da coesão social a todo o custo. Ou seja, para o economista, o facto de se estar a gastar no presente sem preocupação de quem e como se vai pagar no futuro; a pouca predisposição para a internacionalização da economia portuguesa e a defesa a todo o custo de políticas de coesão social mesmo quando o País não cresce, foram os principais motivos que levaram à situação actual.

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